sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sobre a oração de Ana...

"Então Ana orou assim:
'Meu coração exulta no SENHOR; no SENHOR minha força é exaltada. Minha boca se exalta sobre os meus inimigos, pois me alegro em tua libertação.
Não há ninguém santo como o SENHOR; não há outro além de Ti; não há rocha alguma como o nosso Deus.
Não falem tão orgulhosamente, nem saia de suas bocas tal arrogância, pois o SENHOR é Deus sábio; é Ele quem julga os atos dos homens.
O arco dos fortes é quebrado, mas os fracos são revestidos de força.
Os que tinham muito, agora trabalham por comida, mas os que estavam famintos, agora não passam fome. A que era estéril deu à luz sete filhos, mas a que tinha muitos filhos ficou sem vigor.
O SENHOR mata e preserva a vida; Ele faz descer à sepultura e dela resgata.
O SENHOR é que dá pobreza e riqueza; Ele humilha e exalta.
Levanta do pó o necessitado e do monte de cinzas ergue o pobre; Ele os faz sentar-se com príncipes e lhes dá lugar de honra.
Pois os alicerces da terra são do SENHOR; sobre eles estabeleceu o mundo.
Ele guardará os pés dos Seus santos, mas os ímpios serão silenciados nas trevas, pois não é pela força que o homem prevalece.
Aqueles que se opõem ao SENHOR serão despedaçados. Ele trovejará do céu contra eles; até os confins da terra.
Ele dará poder a seu rei e exaltará a força do seu ungido.'" (I Samuel 2.1-10)




Desde sempre, quando eu ouço falar sobre a oração de Ana, me lembro logo de I Samuel 1. Sempre vem a minha cabeça a imagem de uma mulher prostrada diante da entrada do santuário do Senhor, chorando rios de lágrimas, clamando por um milagre de Deus. Sei que não posso falar pelos outros, mas acredito que isso também deva acontecer com você. Quando lembro de Ana, mãe do profeta Samuel, lembro de uma mulher humilhada por ser estéril, por não poder gerar filhos... por ser uma árvore que não consegue dar frutos.

Como nos ensinam nas igrejas, a esterelidade era motivo de muita vergonha para as mulheres dos tempos bíblicos. O fato de não poder gerar filhos as tornavam pessoas de terceira categoria (terceira porque muitas passagens deixam a entender que, naquela época, todas as mulheres eram tratadas como pessoas de segunda categoria).

No caso de Ana não era diferente. Alias, o caso dela ainda possuia um agravante: Ana vivia sob o mesmo teto que sua principal agressora. Ela sofria com os insultos e humilhações de Penina, a outra mulher de Elcana. Naquela época havia a "permissão" para que um homem pudesse possuir mais de uma esposa. Mas era só a permissão, pois eu acredito essa nunca foi a vontade de Deus. Creio que Deus só permitiu que um homem possuísse mais de uma mulher para o ser humano se espalha-se mais rapidamente sobre a terra.

Alias, sobre isso, eu tenho uma espécie de teoria: Logo após o grande dilúvio, Deus ordenou para que Noé e seus filhos crescessem e multiplicassem (Gênesis 9.1 e 7). Bem, a terra estava devastada e só haviam eles e suas respectivas esposas, filhos e filhas. Você já percebeu que quando há o registro genealógico de alguém, a Bíblia nos fala os nomes dos filhos homens, mas generaliza a quantidade de filhas sem muitas vezes especificar essa quantidade? Acho que isso vai além do que o "machismo" da época.

Penso que nesse caso, Deus permitiu a poligamia porque deveriam haver mais mulheres do que homens na terra (à exemplo do que acontece hoje em dia). Portanto, para que não existisse mulheres em plena idade fértil sem marido, Deus permitiu isso. Mas essa nunca foi a vontade d'Ele. Gênesis 2.24 prova isso, e o que Jesus, o próprio Deus, nos diz em Marcos 10.6-9 me tira qualquer sombra de dúvida sobre esse assunto. Até porque, Deus criou o homem para amar a sua mulher (e não as suas, no plural). É contra a natureza do nosso coração amar mais de uma pessoa, digo isso de experiência própria, pois, graças a Deus já encontrei a minha (rs).

Enfim, voltando a história de Ana, ela se encontra angustiada, em um estado de extrema fragilidade emocional. Acredito que, como toda mulher, ela deve ter buscado apoio naquele que era quem ela mais amava e confiava, ou seja, seu marido Elcana. Mas Elcana, com a delicadeza particular dos homens da época, lhe perguntou: "Será que eu não sou melhor para você do que dez filhos?" (I Samuel 1.8b)

Depois disso, entendo que Ana se encontrou sem chão, sem ter onde se apoiar... foi nesse momento que ela encontrou o SENHOR. Lembra da nossa ultima conversa? Aquela sobre sermos fracos? Eu sei que já faz um tempinho, mas é só você ler a ultima postagem. Em II Coríntos 12.10 Paulo faz uma irracional (para o mundo) afirmação, dizendo que quando somos fracos, ai sim é que somos fortes.

JESUS!!!!! ISSO É MUITO FORTE!!!!!

Nossos alicerces devem ser o Senhor, SEMPRE! É n'Ele que devemos nos apoiar, porque é ELE QUEM NOS FAZ FORTES! Quando desistimos de agir de acordo com a força do nosso próprio braço, abrimos o caminho para o Senhor nos mostrar a força dos Seus poderosos braços.

Ana sentiu isso, por isso ela se jogou ao chão na entrada do santuário e chorou. Ela se humilhou aos pés de Deus. Ela clamou sem se importar com aqueles que estavam ao seu redor. Tanto é que Eli, sacerdote do templo, achou que ela estava bêbada (I Sm 1.12). Ela orou, gritando em silêncio e isso foi mais do suficiente para Deus. Pouco depois o Senhor se lembrou dela.

"Assim Ana engravidou e, no devido tempo, deu à luz um filho. E deu-lhe o nome de Samuel, dizendo: 'Eu o pedi ao SENHOR.'" (I Samuel 1.20)

Outra coisa que eu queria ressaltar nessa história é o coração de Ana. O coração dela estava de acordo com o coração do Senhor, afinal de contas, Ela pediu e Deus atendeu. Se olharmos com outros olhos para essa história, poderiamos muito bem dizer que Ana queria um filho para agradar aos outros, já que ela era despreza de acordo com os conceitos de sua sociedade. Certo? Não, errado! O que Ana sentia era muito mais do que a pressão de uma solicitude da vida, Ela sentia o desejo de cumprir o propósito de Deus para sua vida.

"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, Ele corta; e todo que dá fruto Ele poda, para que dê mais frutos ainda." (João 15.1 e 2)

Acho que Ela se sentia como um ramo podado, incapaz de frutificar. Mas Deus poda os seus ramos para que eles frutifiquem ainda mais. Samuel, o filho de Ana, veio a ser um profeta do Senhor. Ele era um homem diferente em meio a sua geração. Ele ungiu Davi, o maior rei da história de Israel. Ele foi uma das peça fundamentais que Senhor usou para abrir o Caminho em meio as trevas desse mundo. Deus usou Samuel, filho de Ana, para abrir alas para o nosso Salvador, Jesus.

Ana frutificou e deu toda a glória ao Senhor. Ela entoou o cântico que está descrito lá em cima, no início dessa nossa conversa. Ela se firmou no Senhor, ela se pôs verdadeiramente sobre a Rocha. Sabem, tenho aprendido que essa é a verdadeira atitude daqueles que afirmam que se entregaram ao Senhor. Os que se entregaram nas mãos de Deus, confiam n'Ele, mesmo quando choram... mesmo quando se desesperam.

O Senhor não está surdo ao nosso clamor, nem cego para não ver as nossas lágrimas. Ele conhece o nosso coração. Ele quer cumprir o Seu propósito para nossas vidas e, se nós também queremos isso, Ele cumprirá. No tempo devido, Ele cumprirá. O que Ana passou fez com ela viesse a amadurescer. Ela amadureceu ao perceber que só dependia do Senhor.

O Senhor está em busca de corações dispostos a amadurecer n'Ele. Nós podemos até olhar para nós mesmos e nos acharmos um lixo, as pessoas podem fazer com que nós venhamos a nos sentir assim. Mas tenha calma, Deus está trabalhando, confie n'Ele... Creia nos propósitos d'Ele, confie no Amor d'Ele. O Amor d'Ele é maior. É o que tenho aprendido.